LAMENTO DE PÁSCOA

Por obra e graça do divino, com a mãozinha dos homens, o fim de semana de Páscoa coloca-nos todos a descansar. Ora se descansa do trabalho, ora se descansa do ritual da tasca. Se por um lado é bom, por outro, afastar um homem do seu local preferido, é mau! Por isso mesmo lanço aqui um repto aos tasqueiros católicos de Portugal: mantenham os vossos estabelecimentos abertos. Um tipo nem se importa que não vendam pastéis de bacalhau na sexta feira santa; o que é preciso é que, quando um homem que é homem se sente farto do descanso pascal (com primos da terra, mulher e filhos, «sandálias do pescador» e «quo-vadis», padralhada e vidas de Cristo) possa recorrer ao copo de tinto, à cervejola ou aos destilados, acompanhado por gajos que coçam os colhões enquanto discutem futebol e se peidam entre cada golo de nectár alcoolico que metem no bucho.