O acto falhado e a tentação pidesca dos funcionários devotos
E se, de repente, uma gafe (ou um mero acto falhado!) revelasse toda a verdade?
Muitos andarão às voltas com os neurónios, questionando-se acerca de qual a estratégia do governo de Sócrates para o País. Com o desemprego a subir e a onda de descontentamento a atingir quase, mas quase, todos os portugueses, nada melhor do que ouvir da boca do Primeiro-Ministro o verdadeiro objectivo estratégico do seu governo.
Num discurso de apresentação à nova Lei da Nacionalidade, Sócrates proferiu: «Quero deixar-vos também uma palavra de confiança, confiança em vós, nas vossas famílias e a certeza que cada um de vós dará o seu melhor para um país mais justo, para um país mais pobre... perdão, para um país mais solidário, mais próspero, evoluído»
Leram bem… «Um país mais pobre», apressadamente corrigido para um «país mais solidário, mais próspero, evoluído». Engenhoso, o sr. Primeiro na ocultação do objectivo último!
Quem não se lembra daquele repto épico de raiva proferido por Jorge Coelho, homem forte do aparelho socialista há uns anos: «Quem se mete com o PS leva»?
Pois foi precisamente isso que aconteceu a um professor de Inglês do Porto, que terá feito uma piada sobre a famosa licenciatura de Sócrates. Sem contemplação, a zelosa directora regional de educação do norte decidiu proceder à suspensão do professor, tendo em conta tratar-se de um «insulto feito no interior da DREN, durante o horário de trabalho» (se fosse ao fim de semana, tudo bem!).
Para esta dirigente, «os funcionários públicos, que prestam serviços públicos, têm de estar acima de muitas coisas; o sr. primeiro-ministro é o primeiro-ministro de Portugal» (hum... e por isso, respeitinho! e nada de bocas)… Por tudo isto se concluí que não se pode falar mal do sr. presidente do conselho – ups!!! enganei-me -, do sr. Primeiro Ministro e, estejam alerta, porque anda aí muita bufaria a julgar pelo caso.
Diria, em conclusão, tratar-se de um acontecimento tipicamente digno da tradição pidesca, (ainda, e infelizmente) muito entranhada cá pelo burgo, 33 anos passados sobre o 25 de Abril.
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home