Eleições Intercalares para Lisboa - O derradeiro apelo!

Numa iniciativa inédita em Portugal, a tasca dos “marados” recebeu os 12 candidatos a Lisboa com tintol e birinites à descrição. Após umas valentes horas de fulgor bebedola, decidiram unanimemente violar a lei e apelar ao voto no dia de reflexão. Se a CNE quiser multar, é favor enviar para a sede de campanha de cada um deles a respectiva coima. Eles que paguem, porque aqui ficaram todos a dever…
Ora aí vai o derradeiro apelo ao voto:

GARCIA PEREIRA: Obrigado aos Marados da Tasca pelo tratamento equitativo e não discriminatório que me dispensaram. Após ter provado deste tinto que por aqui servem só me apetece dizer aos lisboetas que OUSEM votar em mim. Eu sou diferente: eu sou do MRPP, o partido dos OUSADOS. Não é usados, é OUSADOS. Eu OUSO fazer de Lisboa uma cidade usada… OUSADA!
O quê? Já não posso falar mais? Estão a brincar ou quê? Eu sou o Garcia Pereira, o mais ousado candidato a tudo e mais alguma coisa da política portuguesa…
(foi neste momento que o Homem do Leme foi forçado a convidar o Dr. Garcia a abandonar o estabelecimento por comportamento quezilento)

RUBEN DE CARVALHO: Se estão descontentes com o Governo e com a política de direita do engenheiro… Ou melhor, do Sr. Sócrates, votem em nós. Nós, da CDU, prometemos fazer de Lisboa uma perpétua Festa do “Avante!” Nós, somos a “força alternativa”, tipo como naquela canção do “euro” da Nelly Furtado. Os lisboetas sabem qual é.

HELENA ROSETA: Se for eleita presidente da Câmara prometo não voltar a fazer de ceguinha e de cãozinho. Todos os meus actos mais desmesurados foram em nome dos cidadãos independentes de Lisboa por um urbanismo de qualidade que enquanto arquitecta e bastonária sempre, ou quase sempre, promovi, apesar das tretas que os Salgados, os Taveiras e os Sizas vão fazendo na cidade.

MANUEL MONTEIRO: Eu só bebi água. O candidato do CDS é que é um bêbado e deu cabo de um barril de cerveja e de uma travessa de caracóis. Eu não como caracóis. Eu tirei um mestrado na Sorbonne. Só como scargotts! Votem em mim porque eu é que sou a verdadeira direita portuguesa; o outro é um bêbado e é amigo do Paulo Portas. Aposto que mal seja eleito vai fazer um branqueamento de dentes para se parecer com ele. E tudo com o dinheiro dos munícipes de Lisboa.

GONÇALO DA CÂMARA PEREIRA: Eu só sei que este vinho é mesmo do baril, como se diz agora. Votem em mim que isto de Câmara de Lisboa há-de ser só fados e guitarradas - Epá, ainda aí há daquele papel higiénico do outro dia? É que acho que já estou com uma bruta caganeira…

QUARTIM GRAÇA: Votem em mim, no Movimento Partido da Terra. Lisboa precisa de mim, de nós, ok? Não me ocorre mais nada. Já chega? É suficiente?...

ANTÓNIO COSTA: Os eleitores de Lisboa já sabem quem eu sou. Acho que não há necessidade de voltar a expor as minhas ideias. Não liguem a essas “bocas” dos meus opositores acerca da minha lista e da minha própria pessoa. Eu não vou ser um comissário do Governo na CML, o meu número dois não vai fazer lobbie para o seu atelier nem a Mota Engil vai mandar na CML. Os lisboetas sabem quem eu sou. Dêem-me é a maioria para pormos Lisboa no bom caminho. Vou ficar especialmente atento, sobretudos aos funcionários da CML; para eles, uma última mensagem: votem bem amigos para evitarmos DRENagens desnecessárias…

TELMO CORREIA: Elejam-me! A CML precisa do CDS e o CDS precisa da CML. Não dispersem votos nas outras direitas sobretudo naquele nosso ex-dirigente que passa a vida a atacar-me a mim e ao nosso querido e venerado líder. Façam de mim vereador… por favor. Não quero pensar sequer se não for eleito. O Paulo não me vai perdoar…
(foi neste momento que decidimos chamar o INEM pois Telmo Correio desatou num pranto descontrolado, arremessando a si próprio pás e vassouras que trazia num saco de plástico)

CARMONA RODRIGUES: Vou ter saudades de ser chamado de sr. Presidente. Vou ter saudades de entrar todos os dias nos Paços do Concelho e despachar milhares de autorizações para contratar assessores. Vou ter saudades das parangonas dos jornais dizendo «Presidente da CML chamado ao DIAP»… Só há uma maneira de liquidar tanta nostalgia: votem no Carmona, façam de mim, mais uma vez, o presidente dos lisboetas.

JOSÉ SÁ FERNANDES: Eu sou o Zé, o que faz mesmo falta! Não fosse eu e a Bragaparques tomava conta dos subterrâneos da cidade, se calhar nem o metro e os esgotos escapavam. A frente ribeirinha não pode ser vítima de acordos secretos entre candidatos, quiçá corruptos ou então corruptíveis. Eu sou o único arauto da virtude alfacinha nestas eleições. Sou eu, o Zé, o tal que recusou 40 mil contos em nome dos lisboetas. É verdade... 40 milenas de contos, prá i uns 200 mil dele...
(é aqui que temos mais uma sessão de choro, menos violenta, é certo, que a anterior; felizmente o Dr. Zé trazia uns calmantes marroquinos)

PINTO COELHO: A minha indignação vai para os “marados da tasca” que vedaram a entrada neste estabelecimento ao meu secretário Goebbels e ao meu caniche Mussolini. Este tipo de descriminação faz-me sentir indignado perante o sistema dominante em Portugal. Quero conquistar Lisboa com todas as forças tal como D. Afonso Henriques fez aos mouros e mestiços vários. Lisboa é dos brancos, por isso lhe chamam a “cidade branca”. Não tenham dúvidas quanto a isso. Lisboa não é dos marxistas arraçados, dos gays e das lésbicas nem dos africanos. E mais, o Martim Moniz tem de ser nosso outra vez.
(neste momento Pinto Coelho está lá fora a beber uns sais de fruto, depois de se ter deliciado com uma cachupa maravilhosamente confeccionada por um amigo cabo verdiano da tasca)

FERNANDO NEGRÃO: Votar no PRD no domingo é dar um sinal de credibilidade à Câmara Municipal de Setúbal. É dizer que a EPAL não pode continuar impunemente a multar nas ruas da cidade; que a EGEAC não pode fazer o mal que faz à habitação social da cidade de Beja; que o urbanismo da Amadora não pode ser vítima constante dos embargos do Tribunal de Contas; que as margens do Douro não podem continuar a ser destruídas pelos calceteiros, etc. Votar em mim, Fernando Girão, é dar um sinal de credibilidade à política tailandesa. É mostrar aos cidadãos de Odivelas que a política ainda faz sentido. Com um deputado municipal como eu, é possível acreditar num planeta melhor, direi mesmo, ao nível dos mais desenvolvidos. Por isso, amanhã, votem PCP.

O quê? Enganei-me?... Onde?