Grandes Bubas XVII

O inenarrável e enfadonho Luís Delgado (enfadonho sim, apesar de tal criatura se limitar a escrever diariamente dois ou três pequenos parágrafos de opinação trivial e frívola nos órgãos da Lusomundo – não se lhe pode pedir mais, não é?...) está, também ele, previsivelmente empenhado no patrocínio da vitória de Cavaco Silva à primeira volta. O seu apontamento de hoje, no Diário de Notícias (naquela escrita panfletária de direita inócua típica de alguem que até já se reviu em Santana Lopes!), surge uma pérola (entre tantas!) que passo a transcrever:

Em dez anos, Cavaco transformou o País, e ainda hoje vivemos disso. Nada mais, de fundamental e importante, foi feito.

RESPOSTA À CRIATURA:
Pois sim, Sr. Delgado! O que seria feito de si se não tivesse existido neste País um regime cavaquista? E, independentemente de tudo o que escreve no antes e depois, lembro que não foi só Cavaco Silva a mudar o País. Foi, sobretudo, a adesão à então Comunidade Económica Europeia. O “grande” Cavaco limitou-se a desgovernar estratégias de desenvolvimento do País e a cumprir à risca directrizes europeias nefastas à independência e soberania nacional. Tudo resumido a um bem estar geral de curto e médio prazo, sem relevância estrutural, porque as farsas do chamado «reformismo» têm dessas vicissitudes. O «fundamental e importante» está feito e vivemos com isso diariamente: o País mais desigual da Europa (mais próximo da "brasiliziação"), o mais endividado (banca e famílias que o digam) e o menos preparado para responder aos desafios da globalização (onde está o nosso sector produtivo?). Temos dúvidas? Claro que não, como aquele que nunca se engana e raramente as tem. Agradeça ao homem que realmente tornou possível a sua existência e a de tantos outros, sintomas do quão mal está Portugal, também na informação e nos seus agentes.

PS - O facto desta criatura apoiar Cavaco é já de si um argumento válido para não votar neste. E, já agora, deixem-me só sacudir as mentes menos elucidadas para o facto de Cavaco vestir, na sua versão presidencial, a pele de keynesiano… Mais uma mentira! E os economistas sabem-no bem, tal como os delgados do Portugal do cavaquismo e seus sucedâneos. Eles podem não ser inteligentes, mas foram à escola e aprenderam duas ou três coisas para viver com a sua própria mediocridade.