Eleições Intercalares para Lisboa - A Chamada da Vitória

Acidentalmente (mesmo!), os «marados» interceptaram uma conversa telefónica entre José Sócrates e António Costa, precisamente às 19 horas e um minuto de15 de Julho, dia do acto eleitoral menos concorrido da história autárquica de Lisboa. Por acharmos ser de relevância pública, aqui a difundimos, pensando que também nós devemos algo ao serviço público, apesar de não nos subsidiarem com um centimo que seja.

JOSÉ SÓCRATES – Estou?
ANTÓNIO COSTA – Grande Zé!
JS – Toni?
AC – Zé?
JS – Já estás no Altis?
AC – Sim… e já abri o Murganheira… (risos)
JS – Ena, ena… Nem esperaste por mim…
AC – O Murganheira é aqui para o staff. Para nós é Moet et Chandon…
JS – Sinto-me honrado, Toni, mas…
AC – Estou à espera dos parabéns do líder do meu partido… Não sejas tímido, Zé…
JS – Não estou a ser tímido, Toni. Estou é preocupado e até desapontado com estas sondagens.
AC – Qual quê… Ganhámos!
JS – Toni, Toni… Que fraca ambição! Estás a dizer que ganhámos elegendo seis vereadores?!
AC – Pois… Podia ser melhor, mas sabes que as pessoas não andam muito contentes contigo e eu acabei por apanhar por tabela…
JS – Toni, Toni… Estás a dizer que a culpa foi minha por teres falhado a maioria absoluta?
AC – Hum… Bem… Foi nossa…
JS – Nossa? Mau, mau… então eu sou o líder carismático que leva o PS à única maioria absoluta da sua história e tu vens dizer que a culpa é minha?!
AC – Calma, Zé! Eu disse que era dos dois…
JS – Mando eu o meu homem de confiança para a câmara, o político que eu achava à altura para agarrar-mos a capital de cima abaixo e tu desiludes-me. Pelo que vejo, vais fazer pouco melhor que o Carrilho! Desilusão...

AC – Desiludo-te?! Não percebo… ganhámos a Câmara! Vou ser por fim presidente da Câmara, e desta vez é da capital do País… e tu comparas-me ao Carrilho?!
JS – Está bem, talvez exagere, mas não foste capaz de sacar a maioria absoluta. Como é que agora vais transportar o grandioso ímpeto reformista do PS para a câmara com uns reles seis vereadores?
AC – Bem… há sempre a hipótese de elegermos mais um e depois podemos tentar uns acordos com o Carmona ou com a Roseta…
JS – Qual quê! A Roseta nem me nos pode ver e isso de fazer acordos com o Carmona ainda nos mete a polícia à perna…
AC – Pois… Não tinha pensado nisso!
JS – Ouve lá!
AC – Sim?
JS – Tenho outro problema. Os engraçadinhos dos comentadores políticos vão começar a chamar a isto uma meia vitória e blá, blá, blá… Temos que arranjar um argumento qualquer para fazer a maralha acreditar que isto foi uma vitória retumbante do PS.
AC – Deixa-me pensar…
JS – Olha! Acaba de chegar aqui o Almeida Santos… Vou pedir-lhe uma ideia para nos desenrascar desta trapalhada…
AC – Boa! Nada como uma raposa velha e matreira para nos arranjar um esquema airoso…
(pausa)
JS – Toni?
AC – Sim, Zé!
JS – O Almeida Santos arranjou uma saída bastante engenhosa. Cada vez que te perguntem se isto é uma meia vitória tu disparas com o facto de estarmos perante a primeira vitória do PS não coligado na CML desde há 31 anos…
AC – Quantos anos?
JS – 31!
AC – Grande ideia! O Almeida continua em boa forma…
JS – E diz também para não abrires a boca sobre o aeroporto! (sussurrando) É o único velho útil neste partido…
AC – (risos)
JS – Bem… Vou aqui estudar um discurso em inglês para a presidência da União e depois sigo para aí…
AC – O champanhe espera por ti…
JS – Guarda-o para uma altura mais digna. Um secretário-geral brilhante não se dá a brindes por dá cá aquela palha...

AC – Continuas zangado comigo, Zé?
JS – Pensava eu que ia ter um Ferrari em Lisboa e saiu-me um Fiat…
AC – Não precisas ofender. Eu dei o meu melhor nesta campanha…
JS – Isso é o que me preocupa! Depois falamos…
AC – Se continuares zangado nunca mais te trato publicamente por engenheiro…
JS – Ora…