A Máquina

Enquanto presidente da edilidade lisboeta, o bon vivant Santana Lopes decidiu adquirir com o dinheiro da câmara municipal um veiculo automóvel digno do seu espalhafato. Ou seja, o seu prestígio enquanto presidente deveria encontrar equivalência no automóvel oficial. Se bem me lembro, Santana Lopes andava, à época, com o sindroma Jorge Sampaio; isto é, primeiro presidente da Câmara Municipal de Lisboa, depois presidente da República. Verificando que o habitante de Belém era conduzido num Audi A8 4.2 V8 Tipronic Quattro, o magnânime Santana Lopes decidiu encomendar um igualzinho. Maravilhosa máquina aquela que consumia uma ninharia em combustível, na casa dos 15/20 litros aos 100 em circuito urbano!

Em 26 de Agosto de 2003, a Câmara Municipal de Lisboa desembolsava mais de 20 mil contos para realizar os desejos grandiloquentes do seu presidente. Santana Lopes tinha assim à sua disposição um automóvel de luxo, digno de qualquer emir de um país do petróleo. Tudo à margem da crise das contas pública, bem se vê! Deduz-se que o Audi terá feito furor na noite lisboeta e rendido algumas boas companhias ao edil nas noites frias dos Montes Claros. Quando tudo falha, há sempre a sumptuosidade da máquina e convém nunca esquecer aquele popular mito de que quando a natureza é pouco generosa um veículo de grande envergadura (eventualmente) compensa.

O certo é que os tempos mudaram e o actual presidente pensará para com os seus botões o mesmo que eu: Para quê uma máquina destas? Daí que, se algum dos nossos visitantes estiver interessado a «máquina» vai a leilão com base de licitação na módica quantia de 62 500 euros. Vale bem a pena: «como novo, veículo de luxo, menos de ano e meio, poucos quilómetros, festa garantida (excepto na ida à gasolineira)». Pode ser que alguém lhe pegue, ao fim e ao cabo, novo, tal como foi comprado custou 100 mil euros. Nada que umas apostas bem feitas no betandwin não paguem ou um chorudo ordenado de gestor público não minimize!